Nos últimos
anos o Brasil tem apresentado um cenário inimaginável, ao menos para os
observadores da minha geração. A despeito da profunda desigualdade social,
mantida a partir de baixos salários e exclusões de diferentes matizes, é hoje
bem mais fácil obter um emprego do que há uma década atrás. Pode não ser grande
coisa para quem está chegando agora, mas para um jovem que atravessou os anos
80 e 90, o mundo parecia se encaminhar para um grande Mad Max, uma competição
selvagem pela vida.
Surfando na
onda de um momento favorável da economia, os jovens precisam se credenciar para
acessar os benefícios possíveis. Precisam estar preparados quando as chances
aparecerem, até porque ninguém sabe quanto tempo durará esta fase de muitos
empregos. E para isso só tem um jeito: instrução escolar.
O problema é
que observamos um movimento preocupante no sentido inverso: jovens abandonando
os estudos muito antes de completarem os níveis básicos. Muitas são as
especulações sobre os motivos para a evasão, mas as consequências podem ser
antecipadas: Primeiro, um grande número de jovens que não poderão acessar o
mercado de trabalho, mesmo que existam vagas disponíveis. Segundo, com efeitos
ainda mais graves, um grande número de jovens sem as condições de cidadania
plena, que só é possível a um sujeito esclarecido.
Há esforços
para tentar reverter este movimento. Por polêmica que seja, a mudança no Ensino
Médio trás na sua raiz a necessidade de atribuir significado a um período da
vida escolar que já vinha desgastado por uma fórmula que não levava a lugar
nenhum. Em Alvorada avizinha-se um novo tempo com a instalação de uma Escola
Técnica Federal, de nível médio e também pós-médio, que deve injetar algum
ânimo nos adolescentes mais antenados.
Além disso,
estamos iniciando os preparativos para a edição 2012 do ProJovem Urbano, que este ano concentrará turmas nas escolas Brigadeiro Antônio Sampaio e Antônio de
Castro Alves. Trata-se de um curso noturno de Ensino Fundamental, em um período de 18 meses, no qual o aluno
estudará em condições favoráveis de acolhimento, com pedagogia especial voltada
ao jovem de 18 a 29 anos. Todo o projeto está concebido com o objetivo de
trazer de volta jovens que abandonaram a escola em determinado momento de suas
vidas, para que consigam concluir o Ensino Fundamental com ênfase em
qualificação profissional. Espera-se com isso que centenas de jovens em
situação de exclusão possam iniciar um novo momento de suas vidas, com melhores
chances de trabalho e com maior participação social na sua cidade.
As escolas já estão recebendo pré-inscrições. Será que
os jovens vão querer?