quinta-feira, 26 de abril de 2012

Nossos jovens querem estudar?



Nos últimos anos o Brasil tem apresentado um cenário inimaginável, ao menos para os observadores da minha geração. A despeito da profunda desigualdade social, mantida a partir de baixos salários e exclusões de diferentes matizes, é hoje bem mais fácil obter um emprego do que há uma década atrás. Pode não ser grande coisa para quem está chegando agora, mas para um jovem que atravessou os anos 80 e 90, o mundo parecia se encaminhar para um grande Mad Max, uma competição selvagem pela vida.
Surfando na onda de um momento favorável da economia, os jovens precisam se credenciar para acessar os benefícios possíveis. Precisam estar preparados quando as chances aparecerem, até porque ninguém sabe quanto tempo durará esta fase de muitos empregos. E para isso só tem um jeito: instrução escolar.
O problema é que observamos um movimento preocupante no sentido inverso: jovens abandonando os estudos muito antes de completarem os níveis básicos. Muitas são as especulações sobre os motivos para a evasão, mas as consequências podem ser antecipadas: Primeiro, um grande número de jovens que não poderão acessar o mercado de trabalho, mesmo que existam vagas disponíveis. Segundo, com efeitos ainda mais graves, um grande número de jovens sem as condições de cidadania plena, que só é possível a um sujeito esclarecido.
Há esforços para tentar reverter este movimento. Por polêmica que seja, a mudança no Ensino Médio trás na sua raiz a necessidade de atribuir significado a um período da vida escolar que já vinha desgastado por uma fórmula que não levava a lugar nenhum. Em Alvorada avizinha-se um novo tempo com a instalação de uma Escola Técnica Federal, de nível médio e também pós-médio, que deve injetar algum ânimo nos adolescentes mais antenados.
Além disso, estamos iniciando os preparativos para a edição 2012 do ProJovem Urbano, que este ano concentrará turmas nas escolas Brigadeiro Antônio Sampaio e Antônio de Castro Alves. Trata-se de um curso noturno de Ensino Fundamental, em um período de 18 meses, no qual o aluno estudará em condições favoráveis de acolhimento, com pedagogia especial voltada ao jovem de 18 a 29 anos. Todo o projeto está concebido com o objetivo de trazer de volta jovens que abandonaram a escola em determinado momento de suas vidas, para que consigam concluir o Ensino Fundamental com ênfase em qualificação profissional. Espera-se com isso que centenas de jovens em situação de exclusão possam iniciar um novo momento de suas vidas, com melhores chances de trabalho e com maior participação social na sua cidade.
As escolas já estão recebendo pré-inscrições. Será que os jovens vão querer?

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