quinta-feira, 31 de maio de 2012

Povo de Sucupira

O que é o que é: acontece uma vez a cada quatro anos, todo mundo espera ansioso, mas quando chega dura pouco? Ano bissexto? Copa do Mundo? Olimpíadas? Não, é a presteza administrativa da prefeitura de Alvorada!
Meu amigo Diego andou comparando a nossa administração municipal à novela setentista O Bem Amado, onde o prefeito Odorico Paraguaçu lançava mão das artimanhas mais malucas para perpetuar-se no poder.
Realmente, o que temos visto nos últimos meses em Alvorada só encontra paralelo na ficção mais caricata. Na nossa pobre cidade, onde os serviços foram se deteriorando ao longo dos últimos anos, o lixo voava livre pela avenida principal, as ruas pessimamente iluminadas, as principais vias sem as menores condições de tráfego, de repente começaram a brotar máquinas, serviços, funcionários.
Cavalgando sobre a tão faraônica quanto polêmica Internet Social, chegam várias outras benfeitorias, como aparelhos de ginástica na praça, reforma das calçadas, ampliação dos horários dos postos de saúde, ampliação do programa Segundo Tempo nas escolas, sem falar no manjado recapeamento asfáltico.
Ótimo, não se trata de pôr-se contra as coisas estarem sendo feitas, enfim, mas a pergunta que uma pessoa sensata deve estar se fazendo é óbvia: onde, afinal, estava o dinheiro? Porque não tivemos uma administração de quatro anos, como seria de esperar? Transitei pela Getúlio Vargas até o Passo da Figueira por todos estes quatro anos, fiz caminhadas em torno da praça, com seis tipos diferentes de piso, incluindo o chão batido, pelo mandato inteiro. Encontrei horários reduzidos em postos de saúde e até na prefeitura. Acompanhei flagrante inoperância em diversas áreas e secretarias. E agora, aos 45 minutos do segundo tempo, tentam me apresentar um cenário paradisíaco, tão artificial quanto improvável?
Entende-se que o último ano de uma administração tenha um pique mais acelerado, obras concluídas, alguma pintura nova. Mas fazer disso um método de governo é muito triste, nos torna pequenos, provincianos, clientes melancólicos de paternalismos políticos. Francamente, se os alvoradenses em geral tivessem maior auto-estima, perceberiam com facilidade as diferenças nada sutis entre uma boa administração e um conjunto de benefícios eleitoreiros. Jamais se deixariam enganar com acenos bissextos de boas intenções.
Agora, se o pacote de bondades se reverter em dividendos eleitorais, talvez estejamos diante de um caso patológico, uma espécie de síndrome de Estocolmo coletiva, em que a vítima se afeiçoa ao sequestrador. Não podemos perder de vista que sempre foi nosso direito de cidadãos um governo que nos atenda nos 1461 dias do mandato. Até porque 2016 está distante e ainda temos que sobreviver a 2013, 2014 e 2015.

Um comentário:

  1. Mais do que uma Síndrome de Estocolmo acredito que é mais algo semelhante a cegueira, ou a ilusão pelas sombras nas paredes da caverna. Nos impressionamos com a agilidade das obras - tá chegando asfalto na Formosa!!! - mas, como tu mencionou é como uma estação do ano, ou uma chuva que vem, molha e vai. Vemos a cegueira da população diariamente, a perda de rumo. Nada mais justo que uma luz de vez em quando, cegue.

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