O que é o que
é: acontece uma vez a cada quatro anos, todo mundo espera ansioso, mas quando
chega dura pouco? Ano bissexto? Copa do Mundo? Olimpíadas? Não, é a presteza
administrativa da prefeitura de Alvorada!
Meu amigo
Diego andou comparando a nossa administração municipal à novela setentista O
Bem Amado, onde o prefeito Odorico Paraguaçu lançava mão das artimanhas mais
malucas para perpetuar-se no poder.
Realmente, o
que temos visto nos últimos meses em Alvorada só encontra paralelo na ficção
mais caricata. Na nossa pobre cidade, onde os serviços foram se deteriorando ao
longo dos últimos anos, o lixo voava livre pela avenida principal, as ruas
pessimamente iluminadas, as principais vias sem as menores condições de
tráfego, de repente começaram a brotar máquinas, serviços, funcionários.
Cavalgando
sobre a tão faraônica quanto polêmica Internet Social, chegam várias outras
benfeitorias, como aparelhos de ginástica na praça, reforma das calçadas,
ampliação dos horários dos postos de saúde, ampliação do programa Segundo Tempo
nas escolas, sem falar no manjado recapeamento asfáltico.
Ótimo, não se
trata de pôr-se contra as coisas estarem sendo feitas, enfim, mas a pergunta
que uma pessoa sensata deve estar se fazendo é óbvia: onde, afinal, estava o
dinheiro? Porque não tivemos uma administração de quatro anos, como seria de
esperar? Transitei pela Getúlio Vargas até o Passo da Figueira por todos estes
quatro anos, fiz caminhadas em torno da praça, com seis tipos diferentes de
piso, incluindo o chão batido, pelo mandato inteiro. Encontrei horários
reduzidos em postos de saúde e até na prefeitura. Acompanhei flagrante
inoperância em diversas áreas e secretarias. E agora, aos 45 minutos do segundo
tempo, tentam me apresentar um cenário paradisíaco, tão artificial quanto
improvável?
Entende-se que
o último ano de uma administração tenha um pique mais acelerado, obras
concluídas, alguma pintura nova. Mas fazer disso um método de governo é muito
triste, nos torna pequenos, provincianos, clientes melancólicos de
paternalismos políticos. Francamente, se os alvoradenses em geral tivessem
maior auto-estima, perceberiam com facilidade as diferenças nada sutis entre
uma boa administração e um conjunto de benefícios eleitoreiros. Jamais se
deixariam enganar com acenos bissextos de boas intenções.
Agora, se o
pacote de bondades se reverter em dividendos eleitorais, talvez estejamos
diante de um caso patológico, uma espécie de síndrome de Estocolmo coletiva, em
que a vítima se afeiçoa ao sequestrador. Não podemos perder de vista que sempre
foi nosso direito de cidadãos um governo que nos atenda nos 1461 dias do
mandato. Até porque 2016 está distante e ainda temos que sobreviver a 2013,
2014 e 2015.
Mais do que uma Síndrome de Estocolmo acredito que é mais algo semelhante a cegueira, ou a ilusão pelas sombras nas paredes da caverna. Nos impressionamos com a agilidade das obras - tá chegando asfalto na Formosa!!! - mas, como tu mencionou é como uma estação do ano, ou uma chuva que vem, molha e vai. Vemos a cegueira da população diariamente, a perda de rumo. Nada mais justo que uma luz de vez em quando, cegue.
ResponderExcluir