domingo, 11 de setembro de 2011

Meu 11 de Setembro

Neste domingo completam-se dez anos do atentado que será lembrado para sempre, independente das opiniões, pela dimensão, significados, conseqüências práticas e no âmbito das mentalidades. Muitas coisas mudaram nestes dez anos, algumas sob influência direta do 11 de Setembro de 2001. O fechamento desta primeira década merece de fato o número de reflexões e retrospectivas que vem recebendo. Mas o que ainda poderia ser dito sobre o assunto que não tenha recebido já longas considerações?
Fácil: a experiência pessoal de cada um. Como o 11/09 refletiu em cada indivíduo nenhum especialista tem como abordar. O meu caso, me parece que vale a pena escrevê-lo, embora não tenha a certeza de que vale a pena lê-lo. Faço, pois, a minha parte, e meus turistas que decidam se farão a sua!
Andava no segundo ano como professor. Pela manhã, no momento dos ataques, estava na escola Brigadeiro Antônio Sampaio e pela tv assisti a primeira torre em chamas, ainda de pé. Minutos após, retorno e descubro que, se um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, o mesmo não se pode dizer de aviões seqüestrados: a segunda torre havia sido atingida da mesma forma que a outra. Não dava mais para desgrudar da tela, me somei aos milhões que assistiram em tempo real o desenrolar dos fatos, que culminaram com a implosão do World Trade Center inteiro.
Mas foram os dias que se seguiram que ficaram marcados na minha lembrança, chamaram atenção para a relevância da profissão que tinha escolhido e que há pouco começara a exercer. Sem encontrar explicações no presente, muitos dos meios de comunicação se socorreram dos historiadores para que o passado pudesse oferecer indícios.
Como ninguém ficou indiferente, nas salas de aula também os professores de história foram requisitados a se manifestarem. Nas minhas aulas, sempre surgia a pergunta sobre os atentados. Era uma tarefa da qual não podíamos nem queríamos nos esquivar, o interesse dos alunos é combustível que não se despreza em hipótese alguma. Aliás, para um ex aluno do professor Enrique Padrós, do Departamento de História da UFRGS, abordar a História do tempo imediato era mais do que uma oportunidade, um compromisso. Assim foi que nas aulas seguintes fizemos todos o esforço de tentar compreender, sob a luz de acontecimentos prévios, quem e o que estaria por trás dos ataques ao coração econômico do mundo capitalista. Histórico de ações de grupos extremistas, contexto geo-político, piora nas relações entre Israel e Palestina, posicionamento radical dos EUA em questões ambientais e intromissão americana na política de alguns países, existência de poderosos grupos ultra-conservadores americanos pressionando por maior agressividade ainda.
Enfim, parece que, em geral, os historiadores não se afastaram muito daquelas respostas que com o tempo foram se confirmando. Restou para mim este momento de confirmação profissional, que ficou simbolizada em uma das aulas no Colégio Antônio de Castro Alves em que, perguntado sobre o ataque pelo aluno Alexandre, infelizmente já falecido em um acidente, passei a fazer todas as considerações e abordagens já citadas, ao fim das quais, aconteceu uma coisa que nunca mais vou esquecer: a turma toda me aplaudiu. Não aquelas palmas protocolares ao fim de discursos ou de apresentações. Pela primeira vez era aplaudido pelos alunos porque estavam satisfeitos com a aula.

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